A rentrée do PSD da passada sexta-feira, no calçadão de Quarteira, foi pontuada pela presença ruidosa da Comissão de Utentes da Via do Infante, contra as portagens na A22.
As mensagens de esperança no fim da recessão fizeram lembrar a narrativa futebolística de que desta vez é que vai ser. Todavia, suspeitamos que entre a verborreia governamental e o fim da recessão existe um verdadeiro abismo, também ele sublinhado pelos protestos.
Diversos oradores e o próprio Passos Coelho foram obrigados a referir-se à contestação que tinham à porta, contestação que foi fortemente amplificada pelas largas dezenas de cidadãos anónimos que inundaram com vaias o espaço reservado ao comício laranja.
Muito embora se trate de um assunto que atravessa todo o espetro partidário, é conhecida a forte oposição do Bloco de Esquerda às portagens na Via do Infante. Tanto assim é, que o BE esteve na mira do coordenador da comissão política do PSD, Marco António.
Quiçá, por estar ressabiado com os protestos, que condenou, Marco António convidou a uma ampla frente contra o Bloco de Esquerda, desde o PSD à CDU, passando pelo PS, já que candidatos seus às autarquias estavam a ser impugnados pelo BE, o qual estava a bloquear as candidaturas autárquicas (leia-se “as candidaturas “dinossáuricas” a órgãos executivos autárquicos”).
Muito embora possamos discordar dela, a opinião de Marco António é tão válida como a sua contrária. Sejamos mesmo tolerantes com o “desinteressado” Marco, sejamos os primeiros a dar-lhe o benefício da dúvida, de que não se trata de oportunismo, isto é, teoria à medida da conveniência do momento. E a conveniência do PSD, no momento, é apostar em “profissionais” das presidências das câmaras mais mediáticos, ou seja, “dinossauros” tidos como fortes, capazes de amortecer a estrondosa derrota que os espera no dia 29 de setembro.
Ao Bloco não lhe terá escapado nenhum “dinossauro” das câmaras, fosse qual fosse a cor que tivesse. Sucede que as juntas de freguesia são igualmente órgãos executivos, pelo que os respetivos presidentes também estão abrangidos pela lei de limitação de mandatos. Mas o BE também tem as suas falhas e alguns presidentes de junta veteranos terão escapado à mira do Bloco. Foi o caso do Presidente da ex-Junta da Sé de Faro, do PS, que, depois de três mandatos, se recandidata à nova União das Freguesias de Faro e nos escapou a nós, bloquistas farenses…
Imagina-se o gáudio de todos, desde o PSD à CDU, passando pelo PS: “Vá lá que a falha do BE em Faro vai permitir que ao menos um presidente escape à voragem bloquista, uff!!!”
Mas não, infelizmente para a ampla frente contra o BE, sugerida com azedume por Marco António, há sempre alguém atento à deteção das falhas dos outros: fez-se justiça e a candidatura do presidente de junta do PS acabou por ser impugnada.
Nós, candidatos na lista do Bloco se Esquerda, exultámos por alguém se ter lembrado de nos dar uma mãozinha. Esperar-se-ia que todos, desde o PSD à CDU, passando pelo PS, estivessem contristados por mais este revés. Mas nada leva a crer em tão abrangente tristeza. É que, à última hora, já que ninguém se chegava à frente, quem “trocou as tintas”, escondido atrás da iniciativa voluntariosa de uma candidata à Assembleia Municipal da coligação da direita, e impugnou a candidatura “dinossáurica” do PS, foi – quem diria? – o PSD…
E esta, hein!?
Os candidatos à União das Freguesias de Faro (Sé e S. Pedro) pelo BE