(Sobre a situação dos moradores no bairro da Horta da Areia)
Três casas incendiadas, nove pessoas (três famílias) desalojadas na Horta da Areia. De admirar é que não aconteça mais vezes pois chamar “casas” àqueles velhos contentores meio podres de madeira e chapa é fazer pouco das pessoas que se veem obrigadas a lá morar.
Desde 1975 que foram “provisoriamente” habitadas, apenas por oito anos, para serem logo substituídas por casas novas, decentes. Promessa feita por sucessivas vereações, até hoje em vão. Como fez a actual na recente campanha eleitoral.
O incêndio da passada semana vem mostrar como a situação da Horta da Areia já passa todas as marcas da falta de respeito pela palavra dada e pelos direitos mínimos de habitação. Interrogado pela Comunicação Social, o Presidente da Câmara confirmou a promessa, feita para “tentar” cumprir até ao fim do mandato. Mais quatro anos apenas para “tentar” cumprir? Mau prenúncio para a malvada tradição ser quebrada de vez.
No entanto, na campanha eleitoral, essa vontade foi unânime na boca de todos os candidatos, embora uns com mais entusiasmo que outros.
O Bloco de Esquerda de Faro, no seu programa autárquico, considerou como prioridade primeira da Câmara intervir na resolução das situações de emergência social, nomeadamente as carências de habitação e a recuperação do parque habitacional do concelho. É essa agora uma das principais preocupações do partido e dos autarcas que elegemos.
Dissemos então, e reafirmamos, que não faz sentido haver centenas de casas devolutas ou abandonadas bastando a sua recuperação para poderem ser habitadas. Assim como outras largas centenas prontas a habitar mas que se encontram fechadas, anos a fio.
Por isso, é lamentável que não estejam há muito previstas soluções capazes para situações como a que ocorreu na Horta da Areia. As três famílias desalojadas, que perderam todos os haveres domésticos que tinham, continuam de momento a viver em pequenos quartos de uma residencial de Faro, esperando que o período de 30 dias em que a Segurança Social cobre esse custo seja suficiente para serem realojadas.
O Bloco de Esquerda de Faro reclama da Câmara e da Segurança Social o cumprimento do dever constitucional de proporcionarem, muito em breve, o alojamento necessário em condições de habitação digna e ao alcance dos poucos rendimentos das famílias em causa.
Saúda a ajuda prestada, entre outras entidades, pelo núcleo local da Fundação António da Silva Leal que, instalado na zona da Horta da Areia, há mais de uma dezena de anos aí vem fazendo um trabalho meritório de apoio e integração social.
Manifesta a vontade de fazer tudo o que esteja ao seu alcance para que, ao fim de quase 40 anos e numa altura em que o concelho de Faro dispõe de milhares de fogos por habitar, o realojamento das 60 famílias, cerca de 300 pessoas, todas de fracos recursos, não passe em vão mais um mandato camarário sem se concretizar.
23/12/13
A Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda de Faro