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Testemunho e iniciativas sobre o aborto

Vários activistas do núcleo de Faro do Bloco de Esquerda têm vindo a realizar, já desde meados de Novembro passado, um conjunto de iniciativas com vista à vitória do Sim no próximo referendo sobre o Aborto.

Em 29 desse mês promoveram um debate no pólo de Gambelas da Universidade do Algarve.

Juntamente com a sua divulgação iniciaram diversas bancas de recolha de assinaturas para a legalização de alguns dos movimentos pelo Sim. Continuam agora, com a divulgação do Comício que terá lugar no próximo Sábado, dia 13 de Janeiro, pelas 16.00 horas, no Instituto da Juventude (IPJ) e que contará com a presença de Francisco Louçã e Helena Pinto do BE nacional.

Em bancas realizadas na Universidade, na Baixa de Faro e no Fórum Algarve, foram recolhidas mais de 300 assinaturas de apoio aos Médicos pelo Sim, aos Jovens pelo Sim e ao Voto Sim, tendo proporcionado momentos de interessantes trocas de opinião fosse com defensores do Sim ou do Não, fosse com outras pessoas ainda indecisas na sua posição ou mesmo até em ir votar.

A recolha no Fórum Algarve foi particularmente estimulante e “deu luta”, face à atitude dos “seguranças” que, a mando da Administração, interpelaram os activistas do BE procurando impedi-los de continuar a recolha, embora apenas estivessem no acesso exterior das instalações. Argumento atrás de argumento, os companheiros bloquistas não “meteram a viola no saco” e levaram até ao fim a sua “legítima acção de intervenção cívica”… Num mútuo gesto de boa vontade, combinaram com os representantes da Administração, que será promovida nova iniciativa no local, cuja data será previamente apresentada aos responsáveis daquele espaço comercial, os quais se comprometeram, uma vez informados, a não levantar objecções à sua realização.

Outra preocupação dos activistas de Faro, em consonância com a perspectiva nacional do Bloco, tem sido procurar que, para além das iniciativas próprias de cada movimento ou entidades que apoiam o Sim, se estabeleça o relacionamento e articulação de acções conjuntas, sobretudo de contacto directo com a população, com vista a criar melhores possibilidades à vitória no referendo. Nesse sentido, estas propostas foram apresentadas em reuniões da União dos Sindicatos do Algarve, do movimento “Em movimento pelo Sim” e junto de divers@s cidad@ãs representantes partidári@s ou de várias associações.

Numa das reuniões do núcleo, efectuada nos finais de Dezembro, e dando continuidade às acções feitas, os companheiros presentes aprovaram um breve testemunho colectivo das suas razões para a defesa do Sim.

“No próximo dia 11 de Fevereiro irá a referendo a despenalização do aborto através da seguinte pergunta:

“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”

Nós respondemos: Sim!

 

“Iremos votar sim porque acreditamos que a mulher tem o direito de decidir sobre o seu corpo e não quaisquer outros por ela, seja o Estado, os partidos, a igreja católica ou outras igrejas.

Porque é uma hipocrisia dizer que o aborto é um homicídio. 

As forças que defendem o Não são hipócritas sempre que se mostram muito interessadas em defender a Vida quando se refere ao ventre da mulher, mas alheiam-se ou, como os seus patrocinadores, recusam fornecer pão e emprego quando a vida é já um ser humano, criança, jovem ou adulto.

Milhares de mulheres são humilhadas, são perseguidas, por cometerem abortos na clandestinidade, pondo a saúde em risco, sofrendo ferimentos físicos e morais, tantas vezes para o resto da vida. Forçadas a essa situação apenas pela confusão de muitos e pelo fanatismo de alguns, que são poucos mas têm o poder. O poder do dinheiro sujo, do fundamentalismo religioso, do atraso humano.

O aborto não é crime porque a mulher deve ser livre de decidir o que fazer com o seu próprio corpo, quando e como quer ter um filho, sem ter de ser perseguida ou empurrada para a vergonha.

Ser a favor da despenalização do aborto não é ser contra a Vida, muito pelo contrário. No Bloco defendemos a Vida. Em especial a humana. Mas quando esta vem ao mundo deve nascer com igualdade de direitos e oportunidades, livre de quaisquer preconceitos, num mundo com justas condições sociais. É a actual situação do mundo que impede e mata tantas novas Vidas e força a realização de tantos abortos.

A actual lei do aborto é errada e representa uma muralha na nossa mente que nos impede de evoluir como sociedade e como nação. Abolir a actual lei é um passo em frente para melhorarmos o mundo.

A vitória do sim no referendo não implica que todas tenham que fazer abortos. Tal ideia é absurda. Significa apenas que todas as mulheres terão o direito de o fazer, nas novas condições da lei. Só o farão aquelas que, em última instância, quiserem. Porque nenhuma mulher aborta por gosto!

Pensam muitas pessoas que afastando-se das políticas não serão afectadas por elas. Mas acontece o oposto. Quando nos afastamos é que as políticas mais se viram contra nós.

Com a data do referendo a aproximar-se vamo-nos virar para esta política, formar opinião, e no dia 11 de Fevereiro, vamos votar Sim.

QUEM NÃO FOR VOTAR

DO RESULTADO NÃO SE PODE QUEIXAR!”