PORQUÊ?
(Questionado sobre os motivos que levaram o BE a ter votado contra, e embora os factos já estejam relativamente distantes, o núcleo de Faro decidiu emitir o presente esclarecimento).
Nas Grandes Opções do Plano (GOP) e no Orçamento camarário para este ano, aprovadas na Assembleia Municipal de Faro, em finais de Dezembro do ano passado, o Bloco de Esquerda votou contra. Foi o único partido que o fez. A CDU e o PSD abstiveram-se, o PS votou a favor.
Porque não deu o Bloco o “benefício da dúvida” dado por esses partidos com o pretexto de que o PS teve pouco tempo para preparar o seu plano e orçamento?
Apesar das eleições terem sido em Outubro e a votação do plano e orçamento em fins de Dezembro, o Bloco não achou que fosse desculpa válida para o Partido Socialista deixar de fazer um Plano diferente e de mudança como prometera na campanha eleitoral.
A falta de tempo não colhe por várias razões:
1º O PS não é novato na Câmara. Pelo contrário, quer no poder, quer na oposição, sempre esteve na vereação com bastantes vereadores. Conhece por dentro as contas, os dossiers e os pelouros. À parte uma ou outra verba, um ou outro projecto, na altura em que tomou posse conhecia mais do que o suficiente para fazer diferente e mudar as opções. Assim quisesse.
2º Se efectivamente precisasse de mais tempo poderia ter avançado a votação na Assembleia Municipal, sem problemas legais, para Janeiro. O deputado do Bloco questionou se isso tinha algum inconveniente para o aproveitamento de verbas e pagamentos, mas ficou sem resposta.
3º Mesmo que, por absurdo, fosse assim tão difícil pôr em números o “verdadeiro plano e orçamento que o PS deseja”, não lhe custava nada pô-lo em palavras. Mas nem isso fez. É confrangedora a pobreza do preâmbulo que justifica e orienta as Grandes Opções do Plano: lamenta a falta de tempo e de dinheiro, deixa no ar mais umas quantas promessas (que os números e as opções do orçamento desmentem), escreve em maiúsculas “FARO CAPITAL”… e toca para a frente o “plano e orçamento possíveis” que é preciso cumprir os compromissos anteriormente assumidos!
E assumiu-os de tal maneira que ofendeu o PSD. Afinal o plano e orçamento de 2006 (PS) era quase uma cópia do de 2005 (PSD). Assim não vale, vamo-nos abster! clamaram os sociais-democratas. Mas se é uma cópia do vosso, porque se abstêm? reclamaram os socialistas… E com este profundo debate e tão elevado nível político, as GOP e o orçamento de 2006 passaram na Assembleia Municipal. Pois, o Natal e o Ano Novo são festas de paz e de folia e não convém passá-los com grandes preocupações na cabeça. Santa harmonia!
No tinteiro, até para o ano, ficaram as promessas de reuniões de auscultação com os partidos, de orçamento participativo com os cidadãos, etc., etc.
No tinteiro, até para o ano (?), ficou a necessidade de romper com as opções e as práticas de sempre. O buraco negro do Euro-Estádio, continua. O pesadelo do Farense, continua. O mercado municipal, continua. Rei morto, rei posto: viva a FAGAR! Factos consumados, todos solidários… Sai mais uma auditoria financeira! Para quê?
Em declaração de voto, o deputado do Bloco de Esquerda concluiu: “Perante o Plano possível, no tempo possível, o meu voto possível. Talvez noutra altura possa ser diferente. Agora não pode.”